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Sobre as Águas

Regatas frias e molhadas

Antonio Alonso

28/07/2021 19h10

A entrada da frente fria com muita chuva no litoral norte paulista marcou o terceiro dia de regatas da 48ª edição da Semana Internacional de Vela de Ilhabela. As 81 equipes que disputam o maior evento da modalidade na América Latina enfrentaram na água a mudança brusca de temperaturas e de condições em Ilhabela (SP).

Na véspera, sol de 30 graus e mar calmo, mas 24 horas depois tudo mudou: a força dos ventos com mais de 20 nós e 14 graus, com sensação térmica de menos de 10 graus, deram o tom das provas disputadas no Canal de São Sebastião. A comissão de regatas montou as boias na raia localizada na frente do Yacht Club de Ilhabela (YCI) e fez até duas regatas para algumas categorias.

Com muito vento, as regatas foram rápidas e molhadas, testando equipamentos e preparo dos veleiros inscritos nas oito classes da Semana Internacional de Vela de Ilhabela. Alguns barcos tiveram avarias e não conseguiram completar as provas de percurso médio. Outros também ficaram com dificuldades de se livrar do baixio.

"Já esperávamos isso, um vento mais forte e o mar mais grosso! Os veleiros precisam estar preparados para essas situações. Ontem, por exemplo, definimos as velas para ventos fracos e hoje cedo foi um novo setup. Mas nosso barco está preparado para esse tipo de regata com mais intensidade de vento", explicou Miller Lazur, proeiro do Rudá, uma das 18 equipes que medem na classe ORC.

A equipe do Rudá ficou em terceiro lugar no tempo corrigido na regata de hoje, que teve vitória na ORC do Xamã-Matrix Energia, mesmo veleiro que venceu a Alcatrazes por Boreste Marinha do Brasil. O Phoenix ficou em segundo no dia e começou sua recuperação no campeonato.

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Velejadores de outros estados, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além dos estrangeiros que participam ano após ano da Semana de Vela de Ilhabela, estão mais habituados a velejar com o frio nessa época do ano. Mas as temperaturas estão mais baixas nessa temporada, fazendo com que os competidores utilizem suas roupas de tempo.

"Friozinho gostoso, né? Quem é lá do Sul está acostumado com isso. Florianópolis estava 2º essa madrugada com 30 nós de vento. Acho que essa chuva vai passar e limpar o tempo para os próximos dias", disse Andreis Castro, integrante do veleiro Zeus.

Até quem mora e veleja na Espanha foi pego de surpresa com essas condições de frio no litoral norte de São Paulo.

"Estava bastante frio aqui, hoje. Muito úmido, chovendo e ventando o tempo inteiro. A percepção é muito grande com essas condições. Quando velejamos fora do Brasil é diferente. Mas foi mais divertido do que gelado em Ilhabela", contou Fabio Bruggioni, leme do Phytoervas 4Z.

 

Foto: @magalhaespaulinho

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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