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Sobre as Águas

Com vontade de velejar acumulada, Classe C30 aposta no segundo semestre

Antonio Alonso

23/06/2020 15h32

Flotilha da Classe C30 larga em Ilhabela (Aline Bassi / Balaio de Ideias)

 

A Copa Suzuki – Circuito Ilhabela de Vela Oceânica – apenas começou e a temporada de 2020 teve de ser subitamente interrompida pela quarentena em meados de março, logo após o primeiro fim de semana de regatas. Ansiosas pelo retorno à raia, as tripulações da Classe C30 já podem planejar as próximas velejadas, depois da abstinência de mar um tanto forçada.

A edição de 2020 da principal competição de oceano do País, a Semana de Vela de Ilhabela, tradicionalmente disputada em julho, está cancelada, ficará para 2021, mas as demais regatas seguirão a pleno vapor. O Ubatuba Sailing Festival retomará a temporada oceânica de 05 a 07 de setembro, com a possibilidade de valer também pela segunda e decisiva etapa do Brasileiro de C30, iniciado em fevereiro em Florianópolis.

O comandante do atual campeão da Semana de Vela, Caballo Loco, e diretor de Vela do Yacht Club Ilhabela, Mauro Dotori, já tem os planos traçados. "Ajustamos o calendário. Se o governo permitir, a reabertura da vela oceânica no Estado de São Paulo será no feriado da Independência em Ubatuba. Quanto à Copa Suzuki, mantivemos a terceira etapa para o fim setembro e a quarta e última para o fim de novembro, conforme já estavam previstas", projeta Dottori.

"No retorno às regatas, cumpriremos todos os protocolos. Vamos consultar o pessoal do Sul sobre o Ubatuba Sailing Festival. O Loyalty, de Porto Alegre, já está em Ilhabela. São mais quatro tripulações da C30 em Florianópolis (Zeus, Katana, Corta Vento e Le Terrible). O pessoal estará meio enferrujado. Até os treinos de vela estavam proibidos e a partir de agora devem abrir gradativamente. É certo que o pessoal virá com muita vontade de velejar. A Classe C30 terá muitas coisas boas pela frente", assegura o comandante Dottori.

Paralisação mundial – Residente na Flórida (EUA), o comandante do Loyalty, do Veleiros do Sul (RS), Alexandre Leal, lamenta as consequências do coronavírus, mas segue com otimismo e esperança. "A pandemia paralisou o esporte e não foi diferente com a vela. A principal questão, porém, está nas vidas perdidas, nos problemas econômicos e financeiros provocados pela quarentena. Foi inesperado. Agora é administrar e superar a situação. O Brasil ainda enfrenta dificuldades, mas aqui em Miami tudo parou também e as atividades estão sendo retomadas  pouco a pouco".

No único fim de semana de regatas pelo Circuito Ilhabela neste ano, foram quatro vitórias do atual campeão da Copa Suzuki, Kaikias Via Itália e uma do Loyalty. "A tripulação está ansiosa para voltar a velejar, mas é claro que faltará treino. Estamos parados há três meses. Tivemos um bom rendimento na abertura do circuito. Os treinos deram resultado.", lembra Leal.

"Estamos motivados para repetir o desempenho das primeiras regatas do ano. Vamos buscar os ajustes e o entrosamento. Meu plano era correr o Mundial da Classe ORC em Newport (EUA) com alguns tripulantes do Loyalty, mas o evento foi cancelado", destaca o comandante Leal. A Copa Suzuki teve apenas o primeiro fim de semana da primeira etapa. O segundo fim de semana, assim como a segunda etapa, o Warm Up para a Semana de Vela, foram cancelados.

 

Classificação da C30 na Copa Suzuki (5 regatas e 1 descarte)

1 – Kaikias Via Itália – Eduardo Mangabeira: 1+1+1+(2)+ 1 = 4 pp

2 – Loyalty – Alexandre Leal: 3+2+2+1+(4) = 8 pp

3 – Cabalo Loco – Mauro Dottori: 2+(3)+3+3+2 = 10 pp

4 – Caiçara – Pablo Lynn: (4)+4+4+4+3 = 15 pp

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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