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Cape2Rio termina com recorde do Mussulo 40 no Rio de Janeiro

Antonio Alonso

18/01/2017 19h35

Foto: Publius Vergilius

Foto: Publius Vergilius

Foram quase duas semanas e 3.500 milhas pelo Oceano Atlântico, a partir da Cidade do Cabo. A tradicional regata Cape2Rio, realizada desde 1971, terminou no Rio de Janeiro nesta quarta-feira (18) reservando espaço para algumas boas surpresas.

Com apenas dois tripulantes a bordo, um deles brasileiro, o barco angolano Mussulo 40 mostrou um desempenho à altura de equipes e embarcações mais robustas. O barco foi o quarto a chegar à Marina da Glória, o primeiro na categoria Double Hand, primeiro na categoria Double Hand a chegar à Marina da Glória, com um tempo recorde de 16 dias, 14 horas, 22 minutos e 12 segundos que valeu a vitória na classe. Até então, o melhor índice era do Privateer, com 17 dias, 20 horas e 43 minutos na edição de 2014.

"Apesar de uma largada largada ruim, por conta de problemas técnicos, conseguimos nos superar, aproveitar todo o potencial do Mussulo 40 para vento forte e rapidamente recuperamos o tempo perdido. Desde o início da regata, nos mantivemos entre as primeiras posições", afirma o comandante angolano José Guilherme Caldas, que formou a dupla vitoriosa com o skipper brasileiro Leonardo Chicourel.

Mesmo com as dificuldades impostas, a dupla conseguiu completar as 3500 milhas da Cape2Rio antes do previsto – inicialmente a previsão era entre 18 e 20 dias de regata. "Os últimos dias da prova foram de paciência e estratégia. Além da embarcação ter entrado numa zona de pressão, sem vento, registramos uma avaria no sistema de piloto automático, o que exigiu a pilotagem do barco em 100% do tempo", completa Caldas.

O Mussulo 40, junto com o Mussulo III, integra uma iniciativa inédita da Angola Cables no apoio ao iatismo na África. A relação entre a empresa e a vela começou por acaso, justamente quando um grupo de velejadores angolanos pediu apoio para participar da regata Cape2Rio de 2014. "Parabéns ao team Mussulo 40. Estamos muito orgulhosos do esforço feito pelo comandante José Guilherme e pelo Leonardo Chicourel para completar a prova em tempo recorde. A Cape2Rio e as adversidades que apresenta aos velejadores servem como um teste de habilidade e estratégia que oferece muitas lições sobre trabalho em equipe e perseverança ao longo do caminho ", diz Antonio Nunes, CEO da multinacional de telecomunicações.

A Angola Cables também patrocina dois velejadores do Clube Náutico de Luanda, que recentemente participaram do Campeonato Africano de Vela em Luanda. "A vela é uma modalidade desportiva que envolve estratégias intensas, exige estar preparado para qualquer eventualidade e responder rapidamente às mudanças no ambiente; muito parecido com o nosso negócio. Existem ainda outros paralelos, como o fato de ser praticada à base de água e de termos milhares de quilómetros de cabos de fibra óptica no fundo do mar como parte da criação de redes intercontinentais de alta velocidade", conclui António Nunes.

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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