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Sobre as Águas

Final da "Liga dos Campeões" da Vela teve ultrapassagem no minuto final

Antonio Alonso

07/12/2015 16h55

Pouco vento, muita emoção

Star Sailors League termina com Bruno Prada no segundo lugar no pódio, depois de o barco do brasileiro quase levar a melhor na mais emocionante das regatas das finais

Por Regina Hatakeyama

Único brasileiro raia, Bruno Prada conquistou, neste domingo, o segundo lugar no pódio da Star Sailors League, ao fim de uma disputa emocionante.

Após as regatas qualificatórias, que tiraram do jogo a equipe brasileira, formada pelo timoneiro Jorge Zarif e pelo proeiro Henry Boening, dez dos 19 barcos competidores avançaram para as quartas de finais, que começaram com a dupla George Szabo (EUA)/Edoardo Natucci (Itália) na frente e terminaram com os rivais Mateus Kusznierewicz/Dominic Zycki (Polônia), Ian Williams/Steve Mitchell (Grã-Bretanha), Diego Negri/Sergio Lambertenghi (Itália) e Jochen Schümann/Ingo Borkowski (Alemanha) eliminados.

Seis equipes se classificaram para disputar as semifinais com os franceses Xavier Rohart e Pierre-Alexis Ponsot, que, por terem fechado a fase qualificatória como os primeiros na tabela, ganharam o direito de pular as quartas de finais. Esta etapa eliminou mais três barcos, tripulados por Jean-Baptiste Bernaz/Pascal Rambeau (França), Tonci Stipanovic (Croácia)/Massimo Canali (Itália) e Paul Cayard/Brian Sharp (EUA).

A briga pela final ficou, então, entre quatro barcos: o do brasileiro Bruno Prada, timoneado pelo neozelandês Mark Pepper, que até esta Star Sailors League estava sem velejar em um barco Star desde a Olimpíada de 2012; Szabo/Natucci; Rohart/Ponsot; e Johannes Polgar/Markus Koy (Alemanha).

A corrida pelos US$ 40 mil (de um total de US$ 200 mil de. prêmios), reservado à equipe campeã, começou com uma disputa pela melhor largada entre Rohart/Ponsot e Pepper/Prada próximo à boia do lado esquerdo, resultando em penalização para ambos, que tiveram que dar giros de 360 graus com os barcos antes de prosseguirem na regata. Polgar/Koy também foram punidos, por uma malsucedida tentativa de cruzar a proa de Szabo/Natucci.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Pepper e Prada fizeram uma linda regata, saindo do lado da raia com menos vento em boa velocidade e realizando a primeira passagem de boias com menos de um barco de diferença à frente de Szabo/Natucci, dupla que tomou a frente na montagem seguinte, mas, depois, foi ultrapassada por Pepper/Prada.

A última perna, foi, enfim, ainda mais excitante: Pepper/Prada, que, até então, parecia que acabaria levando a melhor, começou a perder velocidade e ficou atrás de Szabo/Natucci nos últimos momentos da chegada, por uma diferença de um barco de distância, e terminou em segundo lugar. Uma final eletrizante, para uma competição que, contrariando as expectativas de bons ventos em Nassau, como habitualmente ocorre, teve pouquíssimo vento, que mal alcançava os 6 nós necessários para dar início às regatas.

Criada para se tornar uma competição que possa ser facilmente acompanhada e compreendida pelo público leigo, as disputas da Star Sailors League são realizadas fora do âmbito das federações esportivas desde 2013, com velejadores selecionados entre os mais bem colocados no ranking da classe Star, olímpicos de classes variadas, campeões mundiais e comvidados VIP.

Sob a liderança do franco-suíço Michel Nicklaus, os organizadores da Star Sailors League planejam ter quatro grand slams, em raias com diferentes características, até o ano 2020 (o primeiro foi no Lago Neuchâtel, na Suíça, em setembro deste ano).

Com transmissões ao vivo pela internet, completadas por gráficos e animações e comentadas por especialistas, entre os quais o lendário Dennis Conner, e um formato que eleva ao máximo a emoção das regatas até o final, já que os perdedores vão saindo da disputa ao cruzarem a linha de chegada, enquanto os remanescentes iniciam a próxima etapa imediatamente.

A Stars Sailors League foi, segundo Nicklaus, que também é velejador, "idealizada por velejadores para velejadores", mas com forte apelo midiático. E, para ele, a grande notícia do últimos dias destas finais, sediadas pelo Nassau Yacht Club, foi o interesse manifestado pelo secretário do 7o. Distrito da Classe Star, entidade oficial da classe no Brasil, Frederico Viegas, de trazer para o país um dos grand slams, até 2018. "Quero muito levar um grand slam para o Brasil", assegurou Nicklaus. "Agora, é hora de encontrar patrocinadores e uma cidade bonita e com bons ventos para sediar as regatas", anima-se o brasileiro Viegas, que, apesar dos problemas que o Brasil está passando, acredita na possibilidade de ter uma rodada da Star Sailors League por aqui.

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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