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Sobre as Águas

Na Comissão de Atletas da vela, Bruno Prada propõe lisura no COB

Antonio Alonso

06/09/2017 14h04

Bruno Prada (com Robert Scheidt) na Star: mudanças na estrutura do COB (Studio Borlenghi / SSL)

No momento em que o medalhista olímpico e tetracampeão mundial Bruno Prada é nomeado para a Comissão de Atletas da Confederação Brasileira de Vela, como um dos cinco velejadores eleitos, os detritos deixados pelos Jogos Rio 2016 vêm à tona com a Operação Unfair Play (jogo sujo), deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal após ação conjunta entre Brasil e França.

"A conta olímpica chegou. O legado dos Jogos não existiu e o esporte brasileiro vai andar 20 anos para trás" Assim reagiu Prada, o velejador mais votado pelos filiados à CBVela, diante de um escândalo que parecia eminente, envolvendo o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), seu presidente Carlos Arthur Nuzman e a aparentemente promíscua realização da Olimpíada do Rio de Janeiro.

"Estas primeiras denúncias são apenas sobre a candidatura. Imagine quando a investigação tomar o rumo das obras e prestação de serviços? Pode ser um momento importante para que nosso esporte venha a ter novos dirigentes e líderes que tragam novo formato de gestão como, por exemplo, a limitação de mandato", deseja Prada, considerado um dos melhores proeiros do mundo na classe Star.

Ganhador de duas medalhas olímpicas (prata e bronze) ao lado de Robert Scheidt e tetracampeão mundial de Star, o atleta do Yacht Club Paulista (YCP) obteve 94 votos. Também foram eleitos: Isabel Swan (RJ/71), Samuel Albrecht (RS/67), Bruno Bethlem (RJ/62) e Bruno Fontes (SC/60). Votaram em cinco candidatos, 280 velejadores registrados em suas respectivas federações estaduais.

Voto direto e transparência – A Comissão de Atletas, com mandato válido até 31 de dezembro de 2020, foi nomeada em 1º de setembro, quatro dias antes de o esquema da candidatura olímpica brasileira ser revelado pela Polícia Federal. Os representantes poderão compor colegiados e integrar chapas para eleição aos cargos de direção. A CBVela se torna assim, a primeira entidade olímpica do País a ter o voto para eleição presidencial aberto aos atletas.

"Toda participação por voto direto é benéfica. A vela está criando o modelo que, enfim, atribui voz aos atletas, por enquanto restrito aos olímpicos, mas no futuro será importante incluirmos a vela jovem, de oceano, categoria máster. Tudo a seu tempo", avalia Prada, acostumado a ser chamado de 'presida' (presidente) pelos colegas da vela, devido à sua natural liderança nas causas em favor dos atletas.

"O COB deveria ser o primeiro a seguir o exemplo da CBVela, abrindo suas eleições aos atletas. O voto indireto foi extinto no País há 30 anos. Não podemos permanecer com essa prática. Não existe nada mais nocivo ao esporte. É o voto direto que garante legitimidade na escolha e evita o perpetuamento no poder. O exemplo começa de cima", sustenta o multivencedor da vela, Bruno Prada.

 

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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