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Sobre as Águas

Um papo com Martine Grael

Antonio Alonso

01/08/2017 14h44

Hoje o Sobre as Águas conversou com a campeã olímpica Martine Grael. A velejadora confirmou hoje que dividirá a campanha para Tóquio 2020 com a Volvo Ocean Race 2017-18 a bordo do Team AkzoNobel. A equipe holandesa também terá Joca Signorini, que segundo a atleta de Niterói, será uma espécie de tutor/confidente nos oito meses de regata. Veja o que saiu do bate-papo!

O que seu pai Torben Grael disse?
"Ele me perguntou se era isso que eu queria fazer umas três vezes, porque eu poderia passar por momentos ruins a bordo. Tem dias difíceis, cansativos, dias em que nada dá certo. A relação entre as pessoas a bordo pode se desgastar, porque é muito tempo de convivência. Tem que pensar muito nisso e fazer esses momentos valerem a pena, e aproveitar a experiência. Mas meu pai sempre me apoiou bastante".
Como será sua participação?
"Vou ficar inicialmente no grinder, ajudando o cara que regula a vela mestra e de vez em quando vou para a proa. Também vou passar informação para a equipe se tem barco por perto"…."Sei que não devo velejar todas as etapas. A escolha da tripulação faz parte da decisão tática das equipes e com a gente não é diferente".
"Somos três mulheres no time. Eu vou correr a Fastnet e a segunda parte não devo fazer. Eu gostaria de disputar a maior parte da Volvo Ocean Race, mas tenho ciência de que poderá ter um rodízio"…."Não sei ainda se vou participar de todas as provas, isso ainda não foi decidido. Provavelmente vou saber alguns dias antes de começar a Volvo".
E sua experiência em vela oceânica?
"Praticamente não tenho experiência em regatas oceânicas, confesso. Mas tive uma participação especial anos atrás na Semana de Vela de Ilhabela com uma equipe 100% feminina e foi muito interessante. O clima a bordo era muito bom e foi uma das melhores experiências que tive".
Por que não foi para o MAPFRE?
Fiz o teste para o barco espanhol e logo em seguida para o holandês. O barco espanhol já estava com a tripulação montada, e muito bem entrosada, com velejadores experientes. Eu tenho pouca experiência em vela oceânica, com barcos grandes como esses, vou muito mais para observar. Mas dessa vez estarei com o Joca Signorini, que é uma segurança pra mim. Ele é alguém que eu confio. Ele é honesto e vou ouvir muito ele. Isso me traz segurança".
Você quase foi para o Team SCA em 2014?
"Em 2014 não foi feito um convite de fato. O que houve foi uma seleção para o Team SCA e eu não me alistei. Existia a possibilidade, mas não quis fazer pois meu objetivo era a campanha olímpica da Rio 2016. Fui em algumas paradas para ver como funcionava apenas".
Sobre a Volvo Ocean Race e a 49erFX
"Desde o carnaval tenho conciliado os treinos da Volvo Ocean Race com as regatas de 49erFx. É muito cansativo ficar longe da família, namorado e amigos, mas é gratificante. Você faz muita força que nesses barcos. No começo achei que poderia me lesionar e por isso me preparei para ficar mais forte. Mas ficar mais forte será bom para o futuro. Já sabemos que vai ventar mais na Olimpíada de Tóquio 2020 e ter mais peso na dupla pode ser importante".
Por que a 49er está exportando velejadores para regatas como America's Cup e Volvo Ocean Race?
"É a classe que mais exporta velejadores de alto nível. Desde que começou a classe no cenário olímpico, os velejadores que passaram por ela foram para vários tipos de competição. É uma base muito boa".
Você influencia as meninas na vela?
"Depois da Olimpíada fiquei feliz em ver que temos o potencial de inspirar as meninas. Se de 200, 300 pessoas, eu conseguir inspirar uma que seja a velejar, já vou ficar muito feliz. É como se eu estivesse deixando a porta aberta, e as meninas vêem que elas podem seguir o mesmo caminho que eu segui".
E como será em Itajaí?
"Eu nunca velejei em Itajaí, mas fui na primeira vez que a regata parou na cidade, em 2012. Fiquei muito surpreendida com a quantidade de pessoas acompanhando o evento e estou com muita expectativa de chegar velejando agora. Espero que tenha vários amigos torcendo por mim na minha chegada com o Team AkzoNobel em 2018".

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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