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Campeonato Brasileiro de HPE 25 confirma evolução da classe

Antonio Alonso

21/06/2017 21h22

Flotilha de HPE 25 no contravento em Ilhabela (Marcos Méndez / SailStation)

O Campeonato Brasileiro da Classe HPE 25, encerrado neste domingo em Ilhabela, reuniu velejadores das mais variadas classes da vela nacional entre oceano e monotipos. A cidade recebeu 96 tripulantes de 24 embarcações, o que constata aumento de 50% na flotilha em comparação com o último Brasileiro realizado na cidade em 2015 por 16 barcos na Capital Nacional da Vela.

O crescimento na quantidade, reflete-se na qualidade dos velejadores que disputaram oito regatas de elevado nível técnico entre os dias 15 e 18 de junho no Canal de São Sebastião. O inédito campeão Phoenix contou com os velejadores olímpicos Eduardo Souza Ramos e André Fonseca, o Bochecha, com três Regatas Volta ao Mundo no currículo. O vice-campeão Fit to Fly teve no leme o representante brasileiro da classe 470 nos Jogos Rio 2016.

Timoneiro do Phoenix, Souza Ramos vê o Brasileiro em Ilhabela como um indício de um promissor futuro para a classe. "Colocar 24 barcos em Ilhabela é significativo devido à complexa logística em pleno feriado. Contamos com presença maciça dos barcos da Represa Guarapiranga. O pessoal da classe compreendeu a importância do campeonato", enalteceu o comandante campeão. Apesar da logística, Ilhabela contou com o mesmo número de participantes do Brasileiro de 2016 no Rio de Janeiro.

A flotilha nacional de HPE 25 conta hoje com 58 embarcações e outras três já estão encomendadas e sendo fabricadas no Rio de Janeiro para que a marca de seis dezenas seja superada. Além de São Paulo, Ilhabela e Rio de Janeiro, a classe está chegando a outros polos de destaque para a vela nacional como, Salvador e Florianópolis, escolhida na assembleia de Ilhabela como sede do próximo Campeonato Brasileiro da Classe no segundo semestre de 2018.

Classe democrática – O bicampeão brasileiro da classe Laser, Martin Lowy, estreou em um campeonato de HPE 25, após algumas velejadas na Represa Guarapiranga. "A versatilidade do barco conquistou o velejador paulista. "Essa experiência vai acrescentar muito no meu conhecimento sobre vela. O nível das tripulações é alto e o barco oferece muitas variáveis para se velejar durante as regatas", afirmou o atleta do Yacht Club Santo Amaro.

Acostumado a velejar de Optimist na Guarapiranga, Ariel Biekarck, de 14 anos, encarou a árdua função de proeiro no Pajero. Não se intimidou com a responsabilidade e sentiu a emoção de correr pela primeira vez um campeonato nacional. "A classe é intensa, com muita adrenalina nas manobras. Fiquei cansado nos dias com três regatas e ainda levei várias broncas a bordo, mas nem me importei com isso. O importante é que me diverti", assegurou o velejador mais jovem do campeonato.

O diretor da Comissão de Regatas (CR), Cuca Sodré, também ficou empolgado com o desempenho das tripulações. Observou que os barcos estão ficando mais velozes a cada competição. "A classe melhorou nitidamente em seu nível técnico e os barcos estão ganhando velocidade. A troca constante de posições na raia é mais um incentivo para os velejadores, indicando que vale mais a dedicação aos treinos do que uma eventual superioridade no material. Ilhabela mostrou isso". A classe HPE 25 volta a competir em Ilhabela na 44ª Semana de Vela, de 7 a 15 de julho.

Classificação após oito regatas (um descarte)

1 – Phoenix (Eduardo Souza Ramos): 3+1+(4)+2+3+1+1+3= 14 pontos perdidos

2 – Fit to Fly (Henrique Hadad): 2+4+6+3+2+3+(12)+2 = 22 pp

3 – Dom (Pedro Lodovici): 7+3+7+5+4+4+3+!17) = 33 pp

4 – Ginga (Breno Chvaicer): 11+2+2+1+6+(19)+11+4 = 37+2* = 39 pp

5 – Alhena (Mário Tinoco): 8+11+1+4+7+5+4+(18) = 40 pp

*Ginga teve dois pontos acrescidos por penalidade sofrida na quinta regata

Categoria Silver

1 – Conquest (Marco Hidalgo) – 62 pp

2 – Sururu (Martin Lowy) – 68 pp

3 – Pé de Vento (Vasco Simões) – 88 pp

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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