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Sobre as Águas

Barcos passam por perigosa área do naufrágio do Titanic

Antonio Alonso

21/05/2015 16h49

Volvo Ocean Race

Sétima etapa da Volvo Ocean Race avança pelo Atlântico Norte rumo a Portugal. No limite das zonas de exclusão de gelo, equipes enfrentam o frio e se deparam com outros problemas, como pequenas colisões com objetos na água

A flotilha da Volvo Ocean Race passa por uma das águas mais famosas do mundo. Foi no Atlântico Norte que ocorreu o naufrágio do Titanic, no ano de 1912. A história, que virou filme sucesso de bilheteria, é de um transatlântico que bate numa enorme massa enorme de gelo. Para evitar que o problema se repetida, a organização da regata fez uma zona de exclusão para a sétima etapa, que saiu dos Estados Unidos com destino a Portugal. Nesta quinta-feira (21), as seis equipes não passaram muito distantes do local – 75 milhas (138 quilômetros) ao sul do naufrágio do Titanic.

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Porém, o fato que mais prejudicou uma das equipes foi uma simples caixa de madeira. O barco Abu Dhabi Ocean Racing, líder da classificação geral, foi obrigado a perder um tempo para tirar o objeto da quilha. Um tripulante mergulhou na água fria – 10 graus – para arrumar o problema. O time árabe volto para a regata e ocupa a terceira posição na etapa.

"Nós não temos de pensar em vencer a perna, mas ganhar o campeonato. A estratégia de Ian Walker foi sempre terminar as etapas entre os três primeiros", explicou Matt Knighton, repórter do Abu Dhabi Ocean Racing.

Além dos imprevistos, do fantasma do Titanic e do frio, a sétima etapa da Volvo Ocean Race é a mesma onde ocorreu a última morte e o último naufrágio da regata. Em 2006, o holandês Hans Horrevoets morreu ao ser varrido do convés por um onda. No mesmo período, o barco Movistar naufragou no Atlântico. O comandante do Team Brunel, Bouwe Bekking, viveu essas duas experiências. "Eu não penso mais sobre isso. Foi uma pena, pois era uma campanha muito bem preparada. Serviu de alerta".

Em duras condições meteorológicas, o Bouwe Bekking do Movistar na época viveu um dilema: ou tentar salvar seu navio ou não colocar a tripulação em risco. Ele escolheu a segunda opção e seus companheiros foram resgatados pelo ABN AMRO TWO, que também estava o corpo do falecido Hans Horrevoets.

Bouwe Bekking admitiu que o aniversário do ocorrido serviu como um lembrete dos perigos do Atlântico, embora tivesse certeza de que os Volvo Ocean 65 são mais bem preparados e robustos para os desafios do oceano.

A sétima etapa é liderada provisoriamente pelo MAPFRE, do brasileiro André 'Bochecha' Fonseca. Team Brunel, Abu Dhabi, Team Alvimedica, Dongfeng e Team SCA estavam atrás na primeira posição da tarde desta quinta-feira. A diferença entre eles é menor do que 15 quilômetros. Os barcos devem chegar a Lisboa no início da semana que vem.

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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