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Joca Signorini é o brasileiro com mais participações na Volvo Ocean Race

Antonio Alonso

14/04/2015 18h46

Volvo Ocean Race

Depois de três campanhas seguidas e um título, o velejador carioca tem papel fundamental em equipe formada só por mulheres. Como técnico, Joca Signorini ajuda as meninas do Team SCA a ganhar mais experiência

O velejador Joca Signorini tem muitas histórias pra contar no esporte. E a Volvo Ocean Race faz parte de boa parte delas. O atleta carioca pode se orgulhar de ser o brasileiro com maior número de participações na regata de Volta ao Mundo. Foram três campanhas como tripulante – Brasil 1, Ericsson 4 e Telefónica – e agora mais uma como técnico do Team SCA, equipe 100% feminina. Joca Signorini está em Itajaí (SC) para dar suporte às meninas que se preparam para a largada da sexta etapa – Brasil até o Estados Unidos, marcada para o domingo (19). "Depois de três regatas seguidas e bastante desgaste, eu decidi ver a Volvo Ocean Race de uma perspectiva diferente. Consegui acompanhar todo o processo e ter tempo para minha família", contou o velejador, que foi campeão na edição 2008-09 com o Ericsson. "Vencer a regata com o Ericsson foi o ápice da minha carreira na vela. Para chegar lá, eu trabalhei bastante, passando pela Olimpíada de Atenas e a campanha no Brasil 1. Para os três velejadores do Brasil foi um ponto alto, sem dúvida".

Numa função mais light fisicamente, porém muito desafiadora, Joca Signorini está contente com o desempenho das meninas. Mesmo em sexto lugar na tabela de classificação, o Team SCA mostra evolução a cada regata, reduzindo a diferença para os homens. Nas In-port Races, a equipe venceu duas regatas. "A principal diferença foi a experiência. As grandes velejadoras do mundo não tiveram a chance de participar de uma regata de nível internacional como a Volvo Ocean Race. Trabalhamos para tentar corrigir esse desnível. Posso dizer que estou bastante satisfeito com o resultado obtido até agora, principalmente pela regata da Nova Zelândia ao Brasil. Foi uma prova desgastante, mas elas conseguiram chegar com o barco com poucos danos, algo muito difícil levando em conta a complexidade do percurso pelos mares do Sul".

A escolha por ser técnico veio em um momento importante de sua vida pessoal. Joca Signorini agora é pai – sua filha nasceu durante uma etapa da edição passada – e quer mais tempo para testar outras classes olímpicas, como a TP52.

"A decisão de ser o treinador foi tomada após o fim da edição passada com o Telefónica. O convite foi feito por Richard Brisius, manager de campanhas vitoriosas como a do Ericsson. A ideia dessa vez foi programar treinamento e seleção de uma equipe feminina", recordou o brasileiro. "Pela vela e pela Volvo Ocean Race conheci minha esposa, que é sueca. Dessa união nasceu minha filha e nos vivemos na Suécia. Passo pouco tempo no Brasil e uma parada como a de Itajaí é especial pra mim".

Bastante requisitado pela imprensa e pela sua equipe, é claro, Joca Signorini não deixa de aproveitar o clima de Itajaí e o calor do povo brasileiro. Não saem de sua mente a recepção de herói na edição passada com o Telefónica.

Classificação das regatas In-port Series
1º – Abu Dhabi Ocean Racing – 14 pontos perdidos
2º – Team Brunel – 14 pontos perdidos
3º – Team SCA 16 pontos perdidos
4º – Dongfeng Race Team – 18 pontos perdidos
5º – Team Alvimedica – 20 pontos perdidos
6º – MAPFRE – 25 pontos perdidos

Classificação do campeonato
1º – Abu Dhabi Ocean Race – 9 pontos perdidos
2º – Dongfeng Race Team – 16 pontos perdidos
3º – Team Brunel – 18 pontos perdidos
4º – MAPFRE – 18 pontos perdidos
5º – Team Alvmedica – 19 pontos perdidos
6º – Team SCA – 29 pontos perdidos

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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