Scheidt volta à Laser e vai brigar por vaga em Tóquio 2020
Antonio Alonso
05/02/2019 11h54
Robert anunciou nesta terça-feira que vai disputar vaga na Laser para Tóquio
"A partir de 2018, quando voltei a fazer alguns treinos no Laser, no Lago Di Garda (na Itália, onde mora com a família), junto com velejadores italianos e alguns estrangeiros, senti que ainda era bem competitivo, com um bom nível de energia física. Comecei a pensar que talvez existisse a possibilidade de tentar mais um ciclo olímpico. Depois disputei a Copa Brasil (foi vice-campeão). Mas a definição veio da minha vontade de tentar mais uma vez, provavelmente a última possibilidade que terei de buscar uma olimpíada. A vontade de me superar, de atingir esse objetivo falou mais alto", explicou Scheidt.
Robert vai em busca da sexta medalha olímpica, a quarta na classe Laser, na qual acumula dois ouros (Atlanta/1996 e Atenas/2004) e uma prata (Sidney/2000). Mas garante que pensa em um passo de cada vez. "O primeiro objetivo é conseguir a vaga para representar o Brasil na Olimpíada. Esse é o meu foco agora. Hoje, não estou pensando em Tóquio. Penso em velejar melhor, entrar em ritmo na Laser para buscar a classificação", garante o maior medalhista olímpico da história do Brasil, com cinco pódios (além das medalhas na Laser tem prata e bronze na Star), que tem patrocínio do Banco do Brasil e Rolex e apoio do COB e CBVela.
Para aprimorar seu ritmo, já definiu o calendário de competições internacionais para o primeiro semestre. O giro europeu começa com o Troféu Princesa Sofia, a partir de 29 de março, em Palma de Mallorca, na Espanha. Depois, em abril, segue para Hyères, na França, para o Campeonato Europeu. Na sequência, Scheidt segue para o Japão a fim de disputar o Mundial do Japão, a partir de 3 de julho. "O objetivo é evoluir a cada competição. Diferentemente da campanha para a Rio 2016, iniciei o ciclo olímpico mais tarde. Falta apenas um ano e meio para Tóquio e, por isso, minha preparação terá que ser mais seletiva em relação ao número de competições e intensidade de trabalho", revelou o atleta que tinha 43 anos na Olimpíada do Brasil.
Além dos aspectos técnicos, táticos e ritmo de velejada, a preparação física tem parte fundamental na classe Laser. "Cuidar bem da parte física e tomar cuidado com o risco de lesões serão fatores importantes. Terei bastante cuidado com o volume de treino, buscando mais a qualidade que a quantidade e respeitando o tempo de repouso. Tentarei ao máximo administrar as dores e evitar me machucar nesse caminho. Vamos torcer para sofrer nenhuma lesão grave, que me impeça de participar de competições", avalia o velejador, que terá 47 anos em 2020. "Se por um lado enfrentarei atletas mais jovens, terei a experiência a meu favor. Uma campanha olímpica envolve muita pressão. E já ter passado por isso muitas vezes é um fator que me ajuda."
Objetivo é lutar pela sexta medalha olímpica
Maior atleta olímpico brasileiro
Cinco medalhas:
Ouro : Atlanta/96 e Atenas/2004 (ambas na classe Laser)
Prata : Sidney/2000 (Laser) e Pequim/2008 (Star)
Bronze : Londres/2012 (Star)
180 títulos – 88 internacionais e 92 nacionais, incluindo a Semana Internacional do Rio, o Campeonato Brasileiro de Laser e a etapa de Miami da Copa do Mundo, todos em 2016. Em novembro de 2017, pela Star, conquistou a Taça Royal Thames e, neste domingo, o Paulista de Star.
Laser
– Onze títulos mundiais – 1991 (juvenil), 1995, 1996, 1997, 2000, 2001, 2002*, 2004 e 2005 e 2013
*Em 2002, foram realizados, separadamente, o Mundial de Vela da Isaf e o Mundial de Laser, ambos vencidos por Robert Scheidt
– Três medalhas olímpicas – ouro em Atlanta/1996 e Atenas/2004, prata em Sydney/2000
Star
– Três títulos mundiais – 2007, 2011 e 2012*
*Além de Scheidt e Bruno Prada, só os italianos Agostino Straulino e Nicolo Rode venceram três mundiais velejando juntos, na história da classe
– Duas medalhas olímpicas – prata em Pequim/2008 e bronze em Londres/2012
Sobre o Autor
Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.
Sobre o Blog
A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.