Barco holandês vence etapa brasileira da Volvo Ocean Race
Antonio Alonso
03/04/2018 17h33
Leg 7 from Auckland to Itajai. Arrivals. 03 April, 2018.
A etapa da Volvo Ocean Race mais difícil de sua história foi concluída nesta terça-feira (3), em Itajaí (SC). Depois de percorrem 7.600 milhas náuticas desde Auckland, na Nova Zelândia, os barcos Team Brunel (Holanda) e Dongfeng Race Team (China) chegaram praticamente empatados ao litoral de Santa Catarina no fim da manhã, com termômetros marcando 32 graus.
O Team Brunel segurou o ataque do adversário e completou a prova em 16 dias, 13 horas e 45 minutos, diferença de apenas 15 minutos para o vice-campeão, o Dongfeng Race Team. Nem mesmo a falta de ventos na aproximação a Itajaí mudou o resultado
"Foi uma etapa dura do começo ao fim, uma prova que exigiu bastante do nosso psicológico e do nosso corpo", disse o comandante holandês Bouwe Bekking. "Foi incrível vencer, mas não estamos felizes em virtude da perda de John Fisher (SHK/Scallywag). Foi um soco no queixo".
Os vencedores foram recebidos na Vila da Regata de Itajaí pelas autoridades e pelo público. O barco do Itajaí Sailing Team acompanhou de perto as equipes vencedoras. Não houve estouro de champagne tradicional e muito menos a banda da cidade em respeito à memória do britânico John Fisher, que está perdido no mar.
Leg 7 from Auckland to Itajai. Arrivals. 03 April, 2018.
Os mares do sul deixaram marcas
A sétima etapa foi considerada a mais difícil para a maioria dos atletas já em terra. Os ventos fortes do começo ao fim, ondas gigantes, neve e as quebras de equipamento fizeram com que os mares do sul e a rondagem do Cabo Horn se transformassem em um tormento!
A força do 'Furious Fifties' (ventos da latitude 50) atingiram em mais de 35 nós os velejadores, que beiraram em quase todo percurso os limites de gelo. A bonificação para os barcos foi dobrada. O Team Brunel levou 16 pontos pra casa (incluindo um pelo Cabo Horn) e o Dongfeng Race Team 12.
O francês Charles Caudrelier e sua equipe chinesa devem assumir a liderança da classificação geral com o pódio. "Foi um resultado fantástico pra gente. E se o Turn The Tide on Plastic segurar o MAPFRE em quinto lugar pode ficar ainda melhor".
"Foi a etapa mais difícil que corri, fisicamente e mentalmente. A força dos ventos e o percurso complicado, com muita neve, frio e ondas gigantes foram difíceis de encarar", disse a holandesa Carolijn Brouwer, do Dongfeng. "A melhor coisa seria abraçar meu filho e minha família. Mas como fizemos a etapa em 16 dias, muito rápido, não deu tempo deles chegarem a Itajaí".
Leg 7 from Auckland to Itajai. Arrivals. 03 April, 2018.
O team AkzoNobel, da brasileira Martine Grael, estão um dia e meio da chegada e devem cruzar a linha ainda até a quinta-feira (5).
Scallywag no Chile
O barco de John Fisher, o Sun Hung Kai/Scallywag, conseguiu chegar ao Chile depois de uma semana da tragédia nos mares do sul. A equipe deve decidir os próximos rumos em breve.
Ainda sobre o fato, a MRCC – Maritime Rescue Coordination Centre Chile -confirmou que as buscar pelo velejador foram suspensas.
O Vestas 11th Hour Racing permanece nas Ilhas Falkland (Malvinas) estudando a logística para chegar a tempo em Itajaí antes da largada da oitava etapa. A equipe perdeu o mastro.
Resultados anteriores no Brasil
A Volvo Ocean Race desembarcou pela terceira vez consecutiva em Itajaí trazendo dos mares do sul os melhores atletas do mundo. Já virou uma tradição o País sediar a prova, sendo o único representante da América do Sul no trajeto ao redor do globo. A regata de Volta ao Mundo já parou outras oito vezes no Brasil e as cidades do Rio de Janeiro (RJ) e São Sebastião (SP) reservam histórias imperdíveis do evento.
1973-74: Sydney (Austrália) até Rio de Janeiro (RJ)
Vencedor: Great Britain II (Reino Unido)
1977-78: Auckland (Nova Zelândia) até Rio de Janeiro (RJ)
Vencedor no corrigido: Gauloise II (França).
Fita-Azul: Great Britain II (Reino Unido)
1997-98: Auckland (Nova Zelândia) até São Sebastião (SP)
Vencedor: EF Language (Suécia)
2001-02: Auckland (Nova Zelândia) até Rio de Janeiro (RJ)
Vencedor: illbruck Challenge (Alemanha)
2005-06: Wellington (Nova Zelândia) até Rio de Janeiro (RJ)
Vencedor: ABN AMRO ONE (Holanda)
2008-09: Qindao (China) até Rio de Janeiro (RJ)
Vencedor: Ericson 3 (Suécia)
2011-12: Auckland (Nova Zelândia) até Itajaí (SC)
Vencedor: PUMA (EUA)
2014-15: Auckland (Nova Zelândia) até Itajaí (SC)
Vencedor: Abu Dhabi (EAU)
2017-18: Auckland (Nova Zelândia) até Itajaí (SC)
Vencedor: Team Brunel (Holanda)
Leg 7 from Auckland to Itajai. Arrivals. 03 April, 2018.
Sobre o Autor
Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.
Sobre o Blog
A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.