Mundial de Soto 40 no Brasil reúne herois locais e da America's Cup
Antonio Alonso
13/04/2015 21h42
A Soto 40 está de volta ao Brasil. E com um Campeonato Mundial, o segundo da história da classe. O veleiro esportivo de 40 pés criado pelo argentino Javier Soto Acebal não é mais novidade sul-americana que era cinco anos atrás. Tripulantes espanhóis, portugueses e alemães se espalham pelas tripulações em Florianópolis, comprovando o sucesso de uma classe que foi durante muitos anos empolg
O alemão Jochen Schümann, dono de três medalhas 0límpicas, e Torben Grael, duas estrelas de America's Cup, dividem espaço com estrelas regionais e especialistas na Soto, como André Mirsky, Samuca Albrecht e George Nehm. Depois de dois dias de regatas, os argentinos do Patagonia confirmam o leve favoritismo que tinham antes do início das regatas e lideram com cinco pontos de vantagem sobre o brasileiro Carioca, de Roberto Martins.
A Mitsubishi Motors S40 World Championship, na raia de Jurerê, é mais que o Mundial de Soto 40, é o resgate de uma classe que quase foi condenada ao ostracismo no Brasil após o fim da Mitsubishi Sailing Cup e o afastamento de Eduardo Souza Ramos das raias. Eduardo retornou para a classe e, embora não esteja velejando em Florianópolis, ficou claro como seu papel é fundamental para a classe no Brasil. Se alguém tinha dúvida, ela perdeu completamente o sentido após as temporadas 2013-1015.
Na raia, Floripa também esteve um pouco tímida hoje, demorando a mostrar o vento que tradicionalmente dá às caras sem nenhuma reserva por aqui. Com duas regatas, variando de seis a 12 nós, Estampa del Viento (CHI) e Carioca (BRA) levaram os bullets, mas o dia foi mesmo do Carioca, que fez um segundo e um primeiro lugares e agora encostou no líder Patagonia.
Lentamente os líderes começam a se definir e a se distanciar na classificação. Esta terça será um dia decisivo na água.
Release do dia:
Argentina, Chile e Brasil. Barcos de três diferentes nacionalidades venceram as quatro regatas do Mitsubishi Motors S40 World Championship realizadas até essa segunda-feira. O veleiro chileno Estampa DelViento e o brasileiro Carioca foram os vencedores do dia.
Na primeira regata, que teve ventos entre 10 e 12 nós, com direção sueste, a equipe chilena conseguiu uma boa largada, se distanciando dos outros veleiros logo na primeira perna. "Foi um dia ótimo para velejar, com ventos constantes e com velocidade. Conseguimos uma boa saída e escolhemos a tática certa para o início da prova. Depois disso, mantivemos o ritmo e terminamos na primeira colocação", Miguel Gonzalez, comandante do chileno Estampa DelViento.
Já na segunda regata, quem conquistou a vitória foi o Carioca, que já havia chegado em segundo na primeira prova do dia. "Hoje foi um dia muito bom, com ventos de até 15 nós. Melhoramos nossa largada, o que é importante em competições monotipo", comemora Roberto Martins, comandante do veleiro.
Para ele, o nível técnico das tripulações garantirá um campeonato disputado até o fim. "O resultado não quer dizer que somos uma equipe melhor do que as outras. Apenas conseguimos velejar mais rápido hoje", completa.
Com o resultado de desta segunda-feira, o veleiro brasileiro está em segundo na classificação geral do campeonato, com 15 pontos perdidos, cinco a mais do que o líder Patagonia e três a menos do que o terceiro colocado, o Crioula.
Outro veleiro brasileiro que conseguiu uma boa segunda prova foi o Magia V/Energisa, do medalhista olímpico Torben Grael, que chegou na terceira colocação. "Na primeira regata cometemos alguns erros na tática, o que nos prejudicou um pouco. Já na segunda largamos bem, acertamos nossa estratégia e o barco respondeu com muita velocidade", explica Torben.
Uma das flotilhas mais fortes do mundo
Além de grandes nomes competindo na raia de Jurerê, como Torben Grael, Jochen Schümann e Cole Parada, o Mitsubishi Motors S40 World Championship conta com juízes de renome na organização. É o caso de Nelson Ilha, chefe de juria do campeonato e uma das maiores autoridades de vela no mundo.
Para ele, outro destaque é o formato do campeonato, que não conta com descartes. "A flotilha é muito parelha e qualquer erro de manobra ou uma decisão tática errada faz com que o competidor pague", complementa Nelson, que será o juiz chefe do próximo Pan-americano.
Sobre o Autor
Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.
Sobre o Blog
A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.