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Sobre as Águas

Agora não tem mais volta! Brasil, a Volvo Ocean Race está a caminho

Antonio Alonso

17/03/2015 22h40

Volvo Ocean Race

Com atraso de 67 horas para evitar o impacto do ciclone Pam, a Volvo Ocean Race seguiu viagem para o Brasil, mais precisamente Itajaí (SC). A quinta etapa da Volta ao Mundo largou, nesta terça-feira (17), de Auckland, na Nova Zelândia. As seis equipes vão ter pela frente a perna mais longa do evento – 6.776 milhas náuticas ou 12.550 quilômetros – e dificuldades como o frio dos mares do Sul, ondas gigantes e o temido Cabo Horn. Entre os tripulantes, um brasileiro: André 'Bochecha' Fonseca é o timoneiro do MAPFRE, barco de bandeira espanhola na regata.

"Todos os velejadores querem disputar essa etapa, pois passa pelos mares do Sul e pelo Cabo Horn. É uma marca importante na carreira do atleta. Adoramos pegar ondas grandes…Passamos frio e fome, mas nos divertimos", disse o catarinense Bochecha.

"Estou ansioso para chegar ao Brasil. Faz tempo que não vou pra casa. Vou chegar logo logo no meu país e no meu estado. Itajaí é pertinho de Florianópolis, onde moro. Estou louco por um churrasco", brincou André 'Bochecha' Fonseca.

A regata também tem uma quase brasileira. Carolijn Brouwer corre no Team SCA, barco só de mulheres na aventura. A atleta holandesa morou mais de uma década no Brasil. "É sempre uma etapa com muita tensão e nervos. Os pontos de gelo – ice gates – estarão bem mais ao Sul. Frio e muito vento vamos pegar. Nosso objetivo é chegar em Itajaí com o barco inteiro", disse a velejadora, que participou da edição 2001-12.

E a regata não será nem um pouco fácil do ponto de vista dos velejadores. Além do frio e das ondas, eles devem enfrentar de 25 a 35 nós de vento, o que equivale de 46 a 65 km/h até dobrar o Cabo Horn.

A previsão é que a etapa demore cerca de três semanas para ser concluída. A tendência é que o líder cruze a linha de chegada em Itajaí no dia 7 de abril. O percurso leva os barcos perto de Point Nemo, famoso na obra de Julio Verne. É o lugar mais remoto da terra, que fica no Pacífico Sul.

A regata até Itajaí marca a volta para o Atlântico e a contagem regressiva para o fim da Volvo Ocean Race. Mas, antes de relaxar, eles terão o Cabo Horn no Oceano Antártico, que fica na ponta da América do Sul. Desde o século 17, o local é um marco para todos os velejadores. Para se ter uma ideia, mais pessoas chegaram ao cume do Everest do que contornaram o Cabo Horn. As ondas podem atingir 30 metros – 100 pés, o que é quase o mesmo tamanho do mastro do barco Volvo Ocean 65.

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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