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Brasileiros estreiam bem em Tóquio

Antonio Alonso

27/07/2021 15h46

A vela brasileira continua com bons resultados na competição olímpica de Tóquio 2020 após três dias de competição em Enoshima. Na madrugada desta terça-feira (27), foram realizadas regatas das classes Laser e as estreias de 49erFx, 49er e Finn envolvendo atletas da Equipe Brasileira de Vela.

© Sailing Energy / World Sailing

O bicampeão olímpico Robert Scheidt, que tenta seu sexto pódio olímpico e sete edições, é o terceiro colocado na classificação geral. O atleta paulista teve o seu melhor desempenho até aqui terminando com 33 pontos, 15 a mais que o primeiro colocado Pavlos Kontides do Chipre que acumulou 18.

A recuperação das atuais campeãs olímpicas foi o destaque do dia. Na primeira regata, Martine Grael e Kahena lideravam, mas a escota do balão ficou presa entre a asa e o casco no primeiro popa. Com isso, a dupla de 49erFx perdeu posições e terminou em 15º.

No intervalo da primeira para a segunda prova, as imagens oficiais de Tóquio 2020 mostraram Torben Grael orientando Martine e Kahena. O bicampeão olímpico é chefe da equipe brasileira em Enoshima.

Na largada da segunda prova, a dupla envolveu o barco com outros dois, das duplas do Peru e Singapura, e pagou uma penalidade de uma volta. Porém, as brasileiras conseguiram se recuperar e terminaram na quinta colocação.

A terceira prova foi a melhor do dia para as brasileiras, que mostraram controle e evolução. As duas venceram a regata e terminaram na terceira colocação geral no dia, com um total de 6 pontos, quatro a mais que a dupla que lidera a competição na classe: as inglesas Charlotte Dobson e Saskia Tidey.

Na 49er, Marco Grael e Gabriel Borges fizeram a estreia nos Jogos e na única regata do dia ficaram na oitava colocação. A dupla volta a competir na quarta-feira em Enoshima para se manter entre os primeiros.

As regatas do Finn foram as últimas do dia com Jorge Zarif fazendo sua estreia no Japão. O atleta, campeão mundial de 2013, ficou com a 13ª colocação geral com duas regatas realizadas (22 pontos). O tunisiano Alican Kaynar é o primeiro colocado por enquanto, com dois pontos.

"Foi um dia muito bom para a vela brasileira, com resultados entre os 10 primeiros e vitória de Martine e Kahena. Gostei dos desempenhos de todos até o momento", disse Ricardo Lobato, especialista em vela.

Assessor técnico e de regras da Equipe Brasileira de Vela, Nelson Ilha está em sua oitava olimpíada na carreira e comentou sobre como as condições climáticas podem influenciar em uma mudança de posições. "Aqui está passando o tufão, que provável vai passar amanhã em Hiroshima. Então hoje ainda tinha uma frente local que veio de Oeste e que está afrontando o tufão vindo do mar e isso faz o cenário ficar muito diferente do normal".

"Hoje o vento foi mais Sudoeste chegando a ser Noroeste, mas depois parou, isso fez as Regatas serem canceladas porque a condição do vento está muito anormal, por conta do tufão. Essas condições fazem o tempo estar imprevisível", disse o juiz internacional e consultor da equipe.

"Conseguimos ver esses ventos rondados e notar como é fácil perde posições, enquanto é difícil ganhar posições. Isso também em função do grupo ser forte e as regatas curtas e com mais voltas. Então cada boia todos chegam muito juntos e acirrados!", concluiu Nelson Ilha.

470 e Nacra estreiam

As últimas classes da vela olímpica estreiam em Tóquio 2020 na madrugada desta quarta-feira (28) em Enoshima, local das regatas olímpicas. As primeiras provas de 470 feminino e masculino e as duplas mistas do Nacra começam a ser realizadas a partir de 00h05 (Horário de Brasília).

Na classe 470 feminina o time Brasil conta com a medalhista olímpica Fernanda Oliveira ao lado de Ana Barbacena e na classe Nacra 17 a dupla mista brasileira é composta por Samuel Abrecht e Gabriela Nicolino.

Depois de seis regatas disputadas, a classe Laser terá um dia de off nesta quarta-feira (28). A categoria do bicampeão olímpico terá 10 provas na fase de classificação. A decisão da classe Laser será no domingo (1º) com os 10 melhores velejadores da fase inicial. A medal Race tem pontuação dobrada e não tem o descarte do pior resultado.

Texto: CBVela

Foto: © Sailing Energy / World Sailing

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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