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Sobre as Águas

Lars Grael recebe o Troféu Adhemar Ferreira da Silva

Antonio Alonso

25/03/2018 15h57

Lars Grael será o grande homenageado da noite na cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico, marcada para a próxima quarta-feira, dia 28 de março, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro. O velejador, dono de duas medalhas olímpicas e dos títulos mundiais das classes Snipe e Star, receberá o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, que celebra grandes nomes que representem os valores positivos do esporte.

"Fico extremamente emocionado e lisonjeado com a homenagem, porque é a maior honraria do esporte olímpico brasileiro e leva o nome do primeiro grande herói do esporte olímpico brasileiro, a quem tive o prazer de conhecer e ter como amigo. Essa associação com o Adhemar Ferreira da Silva vem desde a minha infância. É uma pessoa que aprendi a respeitar e admirar. Ser homenageado justo em um momento de transição, de mudança do sistema de governança do esporte brasileiro, carrega um simbolismo muito grande", afirma o velejador paulista, de 54 anos.

Lars é o segundo representante da vela a ser agraciado com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, junto com o irmão Torben, homenageado em 2013. Em Jogos Olímpicos, foi na classe Tornado que conquistou as suas duas medalhas: bronze em Seul-1988 e em Atlanta-1996. Esteve presente como atleta também em Los Angeles-1984 e Barcelona-1992, ficando em sétimo e oitavo lugares, respectivamente; além de Sydney-2000 e Atenas-2004, como coordenador técnico da equipe de vela.

Outros títulos importantes de sua carreira foram o Campeonato Mundial da classe Snipe, em 1983, em Portugal, ao lado de Torben; e o Mundial de Star em 2015, na Argentina, ao lado do proeiro Samuel Gonçalves. Seu vasto currículo de troféus traz ainda 10 títulos continentais e 29 títulos nacionais, além de vários outros resultados de expressão obtidos desde a estreia em 1972.

"É um orgulho muito grande representar toda uma quantidade de velejadores, do meu esporte, que deu ao Brasil tantas medalhas olímpicas para o Brasil. Nessas horas eu paro para pensar nos quatro Jogos Olímpicos que participei como atleta, nas duas medalhas olímpicas que conquistei e nas duas vezes que fui como coordenador técnico da equipe de vela. Esse prêmio representa tudo que venho fazendo em favor do Movimento Olímpico como um todo. Só tenho a agradecer", celebrou.

Lars vem de uma família de velejadores. Seu irmão Torben é o maior medalhista olímpico da história do Brasil ao lado de Robert Scheidt. Seus tios Axel e Erik Schmidt foram os primeiros brasileiros a conquistarem um título mundial de iatismo. A tradição veio do avô dinamarquês, Preben Schmidt, e chegou aos meninos por meio da mãe, Ingrid.

Em 1998, sofreu um trágico acidente quando velejava em Vitória, Espírito Santo, que resultou na amputação de sua perna direita. Com o apoio da família e graças à sua postura de superação, reconstruiu a jornada esportiva, em cargos de gestão e como palestrante. Ocupou em 2001 a Secretaria Nacional de Esporte. Entre 2003 e 2006, foi secretário de Juventude, Esporte e Lazer de São Paulo. Continua atuando na política esportiva, através do Conselho Nacional do Esporte e da Comissão Nacional de Atletas, da qual é vice-presidente. Nesta comissão, em que foi presidente até junho de 2017, teve papel decisivo para a elaboração dos projetos que ajudaram a criar a Bolsa Atleta e a Lei de Incentivo ao Esporte.

Além disso, a fim de retribuir à sociedade tudo o que recebeu com o esporte, criou o Projeto Grael (Instituto Rumo Náutico), ao lado dos irmãos Axel e Torben, em Niterói (RJ), oferecendo assistência e desenvolvimento social para crianças e adolescentes por meio do esporte.

O Troféu Adhemar Ferreira da Silva

Criado em 2001, o Troféu Adhemar Ferreira da Silva tem como objetivo homenagear atletas e ex-atletas que representem os valores que marcaram a carreira e a vida de Adhemar, bicampeão olímpico no salto triplo, tais como ética, eficiência técnica e física, esportividade, respeito ao próximo, companheirismo e espírito coletivo.

Relação completa de homenageados com o Troféu Adhemar Ferreira da Silva:

2001 – Nelson Prudêncio – Atletismo

2002 – João Gonçalves Filho – Natação e Polo Aquático

2003 – Amaury Antonio Passos – Basquete

2004 – Maria Lenk – Natação

2005 – Agberto Guimarães – Atletismo

2006 – Aída dos Santos – Atletismo

2007 – André Gustavo Richer – Remo

2008 – João Havelange – Natação e Polo Aquático

2009 – Joaquim Cruz – Atletismo

2010 – Eder Jofre – Boxe

2011 – Bernard Rajzman – Vôlei

2012 – Hortência – Basquete

2013 – Torben Grael – Vela

2014 – Vanderlei Cordeiro de Lima – Atletismo

2015 – Gustavo Kuerten – Tênis

2016 – Bernardinho – Vôlei

2017 – Lars Grael – Vela

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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