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Sobre as Águas

Com barcos em evolução, classe C30 encerra temporada em Ilhabela

Antonio Alonso

01/12/2017 14h45

Barracuda e Caballo Loco no contravento (Aline Bassi / Balaio de Ideias)

Ilhabela encerra neste fim de semana, 2 e 3 de dezembro, seu tradicional circuito de vela oceânica, a Copa Suzuki, disputada desde março em quatro etapas. O barco Caiçara, tricampeão antecipado, tornou-se especialista em velejar na Capital Nacional da Vela, devido à tripulação muito bem treinada e acostumada aos ventos e às correntes locais.

Na abertura desta última etapa (25 e 26/11) o Caiçara venceu as três regatas, inclusive a desafiadora Volta à Ilha. O rendimento do Caiçara é um estímulo permanente para Caballo Loco, eCycle +Realizado, Barracuda e Kaikias, esforcem-se ainda mais em busca da evolução. Entre as competições que disputou neste ano, o Caiçara só não venceu o Campeonato Brasileiro, com vitória do Katana Portobello, de Florianópolis, seguido por Caballo Loco.

O título antecipado não acomoda os tricampeões. A tática permanece a mesma das etapas anteriores: correr para vencer. "O que tem nos ajudado nas manobras são os treinos das sextas-feiras, na véspera de cada regata. Precisamos acompanhar a evolução da classe. Queremos aproveitar este último fim de semana da Copa Suzuki para confirmarmos o brilhante trabalho desenvolvido na temporada", destaca Carlos Ney Ribeiro, responsável pela 'secretaria' do Caiçara.

O velejador garante que o relacionamento a bordo faz a diferença na hora de competir, justificando a atitude do comandante Marcos de Oliveira Cesar, que sempre prioriza o investimento na tripulação. "A terceira vitória consecutiva em uma regata difícil e cheia de imprevistos como a Volta à Ilha, trouxe motivação. Mostrou que após três anos juntos, podemos considerar a tripulação do Caiçara como nossa segunda família", afirma Carlos Ney.

Recursos materiais e humanos – A importância de uma equipe bem entrosada, é reforçada pelo comandante do Barracuda. "Neste ano, trocamos de tripulação três vezes durante o circuito, o que interfere no rendimento do barco. Incomoda saber que temos em Ilhabela uma flotilha com cinco barcos parelhos e às vezes não conseguimos o resultado esperado", considera Humberto Diniz.

Outro cuidado dos comandantes, além da tripulação, é com a fadiga dos equipamentos, que também prejudicam o desempenho da embarcação. "O Barracuda ainda corre com genoa (vela de proa) antiga e mesmo com esse enxoval estamos chegando junto com um segundo ou um terceiro lugar. As velas são o motor do barco. Quanto mais novas, mais velocidade", define o timoneiro Diniz.

O vice-líder Caballo Loco e o eCycle +Realizado têm rivalizado com o Caiçara em algumas regatas. O comandante do Caballo Loco deseja fechar o ano em ascensão. "Só na última regata de domingo (26/11) conseguimos regular um pouco melhor o Caballo e andar próximo ao Caiçara. Esperamos que nesse fim de semana nossa performance melhore para conseguirmos melhores resultados na última etapa e na classificação final do campeonato", projeta Mauro Dottori.

A classe C30 correu até o último fim de semana 29 regatas pela Copa Suzuki, com cinco descartes. Neste fim de semana estão previstas mais quatro ou cinco provas, conforme o vento. Além da C30, o Yacht Club Ilhabela deverá receber novamente mais de 30 barcos das demais classes: HPE 25, IRC, RGS e Bico de Proa. A festa de confraternização e a premiação da temporada movimentam as tripulações também fora da água.

Resultado parcial da C30 na 4ª Etapa

1 – Caiçara (Marcos de Oliveira Cesar): 1+1+1 = 3 pontos perdidos

2 – Caballo Loco (Mauro Dottori): 3+3+2 = 8 pp

3 – Barracuda (Humberto Diniz): 4+2+3 = 9 pp

4 – eCycle +Realizado (José Luiz Apud): 2+4+4 = 10 pp

 

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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