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Por que os gringos andam levando tudo na Soto 40?

Antonio Alonso

17/04/2015 14h49

Marcos Mendez/Mitsubishi

Mundial de Soto 40

Marcos Mendez/Mitsubishi

Tripulação do Patagonia comemora título com uma regata de antecipação

Marcos Mendez/Mitsubishi

Patagonia, os campeões argentinos foram o barco mais bem preparado do Mundial

Marcos Mendez/Mitsubishi

Pajero, melhor tripulação brasileira na atualidade

O Campeonato Mundial de Soto 40 em Florianópolis acabou nesta quinta-feira em Florianópolis com a previsível vitória dos argentinos do Patagonia. Com apenas duas vitórias em toda competição (menos do que o Pajero, segundo colocado), os argentinos do Patagonia foram inegavelmente os mais regulares na competição. A superioridade dos gringos lembrou outros tempos do barco uruguaio Negra e do próprio Patagonia, que em diferentes momentos foram os "imbatíveis" da Soto.

Por mais que nós, brasileiros, resistamos em admitir, a primeira explicação para isso é simples: os caras são bons. Talvez eu pudesse parar por aí, já satisfeito com a resposta. Mas o contraponto é que os brasileiros também são bons. O Pajero, que ficou em segundo lugar, foi consistentemente melhor que o Patagonia na segunda metade da competição.

Mas esses não são campeonatos de metades.

Ficou claro nesta competição que não há mais barcos imbatíveis, como o Negra uma vez foi. Mas os gringos ainda estão melhor preparados, priorizando esta competição e gastando muita energia na preparação. Nós temos Torben, mas no comando de um barco muito menos preparado para o Mundial do que estava o Patagonia. Os resultados mostram isso claramente.

O Pajero, vice-campeão mundial, superou o Crioula e hoje é a melhor tripulação brasileira. O que falta para o título mundial?

Release final da competição:

Em dia com chuva e queda na temperatura, os 110 tripulantes vindos de diversos países disputaram as últimas regatas do mundial

Florianópolis, 16 de abril de 2015 – Depois de liderar a classificação geral desde a primeira regata, o veleiro argentino Patagonia conquistou o título no Mitsubishi Motors Soto 40 World Championship. Com boa vantagem sobre os outros barcos, coube à equipe apenas administrar o resultado, terminando o campeonato com 44 pontos perdidos.

"Abrimos uma boa vantagem nas duas primeiras regatas da competição. Seguimos nos mantendo bem colocados todos os dias, com uma estratégia mais conservadora, já que essa é uma competição sem descartes. Assim, conquistamos um título bastante importante contra tripulações muito qualificadas", comemora timoneiro do Patagonia, Juan Grimaldi.

Nesta quinta-feira, o tempo fechou, e o dia teve muita chuva e ventos com intensidade entre 10 e 13 nós. A equipe alemã EarlyBird, do tático e medalhista olímpico Jochen Schümann, aproveitou bem as condições e venceu a primeira regata do dia, subindo posições e terminando a competição em 5º na geral.

Já o brasileiro Pajero, destaque na última terça-feira com duas vitórias, fez ótimas regatas, chegando em terceiro na primeira e vencendo a segunda, confirmou a boa campanha e fez de tudo para aproximar do líder. Chegou ao fim do campeonato mundial em segundo, com apenas um ponto de diferença do campeão.

"Temos uma tripulação muito qualificada e um barco ótimo. Viemos para brigar pelas primeiras colocações e sabíamos que qualquer detalhe poderia decidir o campeonato. Fomos o veleiro que mais venceu no campeonato, mas os nossos adversários conquistaram o título com méritos e estão de parabéns", explica o vice-campeão Sérgio Rocha, do Pajero.

Os chilenos Itaú e Santander, que fizeram ótimas regatas na quarta-feira, chegaram em terceiro e quarto lugares, respectivamente. "Foi a primeira vez que competimos em Jurerê, e nossa expectativa era terminar entre os quatro mais bem colocados. Conquistamos um bom resultado", ressalta Dag von Appen, do veleiro Itaú.

O chileno também conquistou a primeira colocação na categoria Owner Driver, destinado aos proprietários que também são comandantes de seus veleiros. O alemão Hendrik Brandis, do EarlyBird, ficou em segundo e o brasileiro Roberto Martins, do Carioca, em terceiro na categoria.

Na sequência da classificação geral, o alemão Earlybird, o chileno Mitsubishi Motors, os brasileiros Carioca e Crioula, o chileno Estampa DelViento, e os brasileiros Ocean Pact e Magia V / Energisa. Confira, abaixo, os resultados completos e os pontos perdidos.

Destaque feminino – e em campanha olímpica
Única velejadora do Iate Clube de Santa Catarina a participar do mundial de Soto 40, Larissa Juk faz campanha olímpica de Laser Radial para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. A catarinense competiu como secretária do veleiro chileno Estampa DelViento, comandado por Hugo Rocha.

"É importante ser completo como velejador e saber andar em qualquer tipo de barco. Foi bacana ganhar experiência com monotipo também, fora que velejar ao lado desse pessoal que está entre os melhores do mundo só agrega coisas boas", celebra a atleta.

Resultados após 10 regatas:
1º Patagonia (ARG) – (1+1+3+5+6+2+3+8+4+11) – 44pp
2º Pajero (BRA) – (3+6+7+10+1+1+2+11+3+1) – 45pp
3º Itau (CHI) – (4+5+10+2+5+5+7+4+2+8) – 52pp
4º Santander (CHI) – (7+3+6+7+3+12DNF+5+1+5+4) – 53pp
5º Early Bird (ALE) – (6+9+4+4+4+4+4+10+1+7) – 53pp
6º Mitsubishi Motors (CHI) – (9+8+11+8+2+5.9RDGb+1+2+6+3) – 55.9pp
7º Carioca (BRA) – (8+4+2+1+7+6+6+7+10+10) – 61pp
8º Crioula (BRA) – (2+2+5+9+11+3+10+6+8+6) – 62pp
9º Estampa Delviento (CHI) – (11+7+1+6+8+7+9+3+9+2) – 63pp
10º Ocean Pact Racing (BRA) – (10+11+8+11+9+8+8+5+7+5) – 82pp
11º Magia V Energisa (BRA) – (5+10+9+3+10+9+11+9+11+9) – 86pp

Resultados categoria Owner Driver:
1º Itau (CHI) – (4+5+10+2+5+5+7+4+2+8) – 52pp
2º Early Bird (ALE) – (6+9+4+4+4+4+4+10+1+7) – 53pp
3º Carioca (BRA) – (8+4+2+1+7+6+6+7+10+10) – 61pp

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

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