Topo

Sobre as Águas

"Seleção" sai da Copa Brasil com 4 ouros e 5 nomes na Olimpíada

Antonio Alonso

21/12/2014 00h17

Resultados do ano garantiram vaga para Martine Grael/Kahena Kunze, Jorge Zarif, Patricia Freitas e Bimba. Brasil levou ouro com Scheidt, Martine/Kahena e Fernanda Oliveira/Ana Barbachan. Marco Grael e Gabriel Borges venceram uma disputa só com brasileiros na 49er

Fred Hoffmann/CBVela

Robert Scheidt, ouro na Laser

Fred Hoffmann/CBVela

Patricia Freitas é prata na RS:X

Fred Hoffmann/CBVela

Fernanda Oliveira e Ana Barbachan, ouro na 470

Fred Hoffmann/CBVela

Os cinco velejadores já confirmados nas Olimpíadas de 2016

 

Terminou neste sábado na praia de São Francisco, em Niterói, a segunda edição da Copa Brasil de Vela. Mais de 160 velejadores, de mais de 20 países estiveram presentes nos sete dias de evento. Com a disputa das medal races (ou regatas da medalha) bem pertinho do público, foram definidos os campeões das dez classes que estarão nos Jogos do Rio 2016.

As primeiras classes a irem para a água foram a 49er e a 49er FX. Como o vento demorou a entrar, as largadas foram dadas com mais de 2h de atraso. Na raia mais próxima da praia, as meninas fizeram a torcida sofrer com o vento rondado e ainda bastante fraco. No final, as holandesas Annemiek Bekkering e Annette Duelz venceram a regata e ficaram com o título da competição. Martine Grael e Kahena Kunze foram segundas na regata e ficaram com a medalha de prata. Entre os homens, o título ficou com Marco Grael e Gabriel Borges, que também venceram a regata da medalha.

As classes seguintes foram a RS:X masculina e Nacra 17, que não teve nenhum representante brasileiro. Entre as pranchas, Ricardo 'Bimba' Winicki foi quinto colocado na regata que tem peso dois, e fechou a sua participação na Copa Brasil em quarto. O vencedor foi o inglês Nick Dempsey, prata em Londres 2012.

Na classe Nacra, nenhum representante brasileiro. O título ficou com os franceses campeões mundiais Billy Bresson e Marie Riou.

Assim que as regatas acabaram, o vento baixou novamente e os velejadores tiveram que esperar mais um pouco antes da largada das classes RS:X feminina e Finn. A raia mais próxima da praia permaneceu no mesmo local, porém a outra teve que ser mudada mais para perto do morro do Morcego por conta de uma rondada no vento.

Entre as meninas, Patricia Freitas garantiu a medalha de prata ao terminar em quinto na medal race. A campeã foi a inglesa Bryony Shaw.

Entre os homens, o inglês Giles Scott já tinha garantido o ouro nesta sexta-feira, mas ainda assim quis velejar  neste sábado e venceu também a regata da medalha. "O vento não estava muito bom, mas fiquei feliz de conseguir vencer a medal race. Vencer as duas edições da Copa Brasil e o Evento teste, em agosto, com certeza me deixou mais confiante para as Olimpíadas", disse o campeão mundial.

Nas duas regatas seguintes, mais uma vez com vento fraco, veio a primeira medalha de ouro do Brasil. As gaúchas Fernanda Oliveira e Ana Barbachan confirmaram o bom desempenho durante a semana e ganharam também a medal race. "Foi um campeonato bem difícil, com condições diferentes, com raias bem particulares dentro e fora da baía. Conseguimos manter uma boa média durante a semana e acho que isso nos levou a ganhar o campeonato. Foi um presente do papai Noel, para encerrar o ano. Ainda mais por ter sido na raia olímpica, então é um ótimo sinal", disse Ana.

Entre os homens do 470, os vencedores foram os campeões mundiais Mathew Belcher e Will Ryan. A dupla, que venceu também o Evento Teste, volta confiante para casa. "Foi um dia complicado, voltamos da água quase às 17h, quando deveríamos ter ido para a água às 13h. O vento estava bastante rondado e fomos segundos na medal race, mas fizemos o que tínhamos que fazer para vencer. Treino nunca é demais, apesar de velejarmos bem relaxados aqui, mas a ideia é nos acostumar o máximo possível com a raia do Rio de Janeiro", disse Belcher.

A última classe a ir para a água foi a Laser. No masculino, Scheidt provou por que é uma lenda viva e, ao cruzar a linha de chegada na terceira colocação, garantiu mais um título na carreira. "Foi uma regata muito complicada, não larguei muito bem e na penúltima perna tive que tomar uma decisão difícil, que acabou dando certo e consegui passar o holandês Rutger Van Schaardenburg, que estava na briga pelo título. Estou aliviado agora. Este ano foi bem duro pra mim, não tive resultados excepcionais e ganhar aqui na raia olímpica é sempre uma afirmação que estou no caminho certo", disse Scheidt.

Já as meninas foram as que mais sofreram com o vento rondado e fraco. No final, o título ficou com a belga Evi Van Acker.

Martine Grael e Kahena Kunze, Jorge Zarif, Patricia Freitas e Bimba são os primeiros nomes confirmados para o Rio 2016:

A Confederação Brasileira de Vela (CBVela) anunciou neste sábado durante a Copa Brasil de Vela, em Niterói, os primeiros nomes escalados para as Olimpíadas do Rio 2016. São eles: Jorginho Zarif, da classe Finn, Ricardo 'Bimba' Winicki, e Patricia Freitas, da RS:X, e Martine Grael e Kahena Kunze, da 49er FX.

"Foi um alivio receber a confirmação. Agora o objetivo é chegar nos Jogos com chance de brigar pela medalha", disse Martine, que, assim como Kahena, fará sua estreia em Jogos Olímpicos.

Já Bimba disputará as Olimpíadas pela quinta vez. "Estou muito feliz com o ano, estive sempre em segundo no ranking, bem perto do primeiro. A indicação para os Jogos um ano e oito meses antes é um peso a menos nas costas. Assim posso velejar tranquilo e fazer um trabalho melhor", disse Bimba.

Jorginho, um dos mais novos da Equipe Brasileira de Vela com 22 anos, vai para a segunda Olimpíada. Patrícia, aos 24, vai para a terceira.

"Este foi um ano muito bom para a vela, com o título mundial da Martine e da Kahena e com o bom desempenho da equipe brasileira no Evento Teste e nas duas edições da Copa Brasil de Vela. Isso mostra que estamos no caminho certo para os Jogos", disse Marco Aurélio Sá Ribeiro, presidente da CBVela.

Para mais ver os resultados completos, acesse www.copabrasildevela.com.br.

A Copa Brasil de Vela tem organização da CBVela e conta com o patrocínio do Bradesco, Grupo Águas do Brasil e BG Brasil através da Lei de Incentivo ao Esporte, e com o apoio da Secretaria de Esporte e Lazer de Niterói, Slam e da Richards.

Sobre o Autor

Antonio Alonso Jr é capitão amador e cobre esporte há 15 anos, com passagens pela Folha de S.Paulo e por um UOL ainda em seus primeiros anos de vida. Jornalista e formado também em Esporte teve a excêntrica ideia de se dedicar à cobertura náutica, com enfoque para a Vela. Depois de oito anos na principal revista especializada do país, estreia seu blog em novo endereço no UOL.

Sobre o Blog

A vela é o exemplo claro de que o sucesso de um esporte não se mede em medalhas. Ela foi o esporte que mais medalhas Olímpicas deu ao Brasil. Ainda assim, é um esporte desconhecido, com enorme dificuldade de atrair público e restrito a guetos idílicos. Este blog não está interessado em resolver esse problema, mas em trazer mais para perto esse esporte excêntrico, complicado talvez, mas cheio de matizes empolgantes e que coloca atletas e meio-ambiente numa simbiose singular no mundo esportivo. Bem-vindo a bordo.

Blog Sobre as Águas